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terça-feira, 29 de maio de 2012

Ver a Vida com os Olhos de Deus!

Hoje pensei em fala de suicidio, mas lembre do meu amodado Santo Dom Bosco que dizia para que a gente deixe de fala da feiura do pecado e acostuma a fala da beleza da virtude. E é exatamente isso que vou fazer. Fiquei sabendo a pouco de um jovem muito querido que conheci e que muito admirava pela sua alegria e forma de comunicar. Que chegou a loucura do suicidio. Fiquei me perguntado como alguém como ele tem coragem ou corvardia de fazer algo assim com o presente que Deus deu a gente.
Não e facil responder, afinal esta vida de facil não se tem muita coisa, mas e nossa e Deus pediu para que cuidasemos da melhor maneira. Mas pensando em tudo isso cheguei a conclusão que precisamos aprender a olhar o mundo com os olhos de Deus...Só assim verémos a beleza a onde só ele e capaz de ver e conseguiremos notas a vida como só o Divino foi e é capaz. Precisamos nota na historia tantas pessoas que sobreram viver assim, e ai esta a diferencia destas pessoas para nós elas vieram com os olhos de Deus e foram capaz de ser feliz e fazer feliz as pessoas a sua volta. Só com este olhar sou capaz de amar verdadeiramente alguém e dela cuida. Vejamos uma bela reflexão sobre o assunto.
Samuel, um dos mais respeitados líderes da história do povo de Israel, recebeu um comando especifico de Deus: ungir um rei para Israel que substituísse a Saul. Com este propósito foi a Belém, à casa de Jessé, para, dentre os seus filhos, consagrar um novo rei a Israel.
Na casa de Jessé, ao colocar os olhos em Eliabe, ficou impressionado com sua aparência e seu porte físico e logo pensou: “Certamente está diante de mim o rei de Israel”, 1Sm 16: 6. Naquele exato momento Deus lhe advertiu: “O Senhor não vê como vê o homem”.
Séculos se passaram desde a experiência vivida pelo profeta Samuel em Belém de Judá. No entanto, esta mesma verdade continua ecoando nos dias de hoje: Deus não vê como vê o homem.
Por desejar ungir um rei a Israel, vendo apenas com seus olhos humanos, Samuel foi advertido. Apesar das melhores intenções, o olhar humano é sempre superficial, aparente ou imediatista. A forma como Deus vê é diferente da visão humana. A visão de Deus é muito mais abrangente. Podemos afirmar que:


 A visão de Deus é sempre otimista
Isto significa que Deus vê sempre o que há de melhor e sempre de forma positiva. Muitas pessoas, e mesmo entre os cristãos nascidos de novo, se sentem incapacitadas, intimidadas, não conseguem ser felizes e vencedoras. Quais seriam as razões?
- Uma das razões é o fato de termos uma visão errada de nós mesmos: temos a facilidade de ver nossos defeitos, falhas e fracassos, que se AGIGANTAM dentro de nós e nos intimidam, roubando-nos as oportunidades de uma vida harmoniosa, feliz e vitoriosa.
- Outra razão é o fato de termos uma visão errada dos outros. Como veríamos Gideão estremecido de medo dos midianitas? Um covarde? Um moleirão? Alguém sem honra e credibilidade? No entanto, Deus viu nele um homem valente, Jz 6: 12.
Como olharíamos o Moisés desterrado, fracassado, sem perspectiva alguma de futuro, habitando de favores na casa de seu sogro Jetro? Deus contemplou naquele homem atrás do rebanho do sogro, o grande libertador para Seu povo Israel.
A verdade é que nem Gideão, nem mesmo Moisés se achavam capazes de tais façanhas. Eram tímidos, pois tinham uma visão distorcida de si mesmos.
Em fatos como esses, encontramos a grande diferença entre o homem e Deus. O homem vê a fraqueza; Deus vê a potencialidade. Deus chama os tímidos, os rejeitados, os esquecidos e os faz valentes e vencedores.

 A visão de Deus vai além das aparências
Vamos considerar o que os homens costumam ver e a valorizar: os dons, a beleza exterior, o nível social, a cultura, a formação familiar, a capacidade intelectual, os dotes físicos e uma porção de outros elementos que têm seu valor, mas aos olhos de Deus são superficiais.
Ficamos presos às aparências, vemos apenas o rótulo e não o conteúdo. Lembra-se de Samuel? Valorizamos demais o que é superficial e visível apenas aos olhos. Deus vê as motivações do coração.
Por esta razão somos facilmente enganados. Valorizamos e desvalorizamos, acreditamos e deixamos de acreditar, julgamos e somos julgados somente pelas aparências. E, como diz o ditado popular: as aparências enganam. Por isto é rejeitado o pequeno, o fraco, o pobre, o sem estudos, o que não é belo e assim tais pessoas são intimidadas e chegam a ser condenadas a uma vida sem chances, sem horizontes e sem oportunidades.
Certamente Jessé nunca traria Davi à presença do profeta Samuel. Aos olhos de seu pai, Davi não era importante. Isto acontece porque só olhamos o que está diante de nossos olhos. Ver com os olhos de Deus é ver além do que enxergamos, é ver além das aparências.


 A visão de Deus revela o futuro
Deus olha para você sabendo quem você será amanhã. Isto é muito gratificante.
Eliabe foi rejeitado por Deus apesar de sua aparência, formosura e porte atlético. 1Samuel 17: 13 e 24 registra que os três filhos mais velhos de Jessé tinham seguido Saul à guerra: Eliabe, Abinadabe e Samá. E que, juntamente com todos os outros homens de Saul, fugiram ao ser desafiados pelo filisteu Golias. Porventura poderia algum destes ser o rei de Israel?
Quem diria que o medroso Gideão se tornaria no grande general que libertaria Israel dos midianitas? Que o tímido Moisés seria o grande libertador de seu povo? Que o jovem e esquecido pastor de ovelhas Davi venceria o gigante e seria o ungido rei de Israel? O que podemos dizer a respeito de sua vida? Da minha vida?

            Pensando na forma de ver de Deus,

            sugiro a você algumas orientações:
1. Nunca subestime o que Deus pode fazer em sua vida. Ao se escusar, Moisés não poderia mensurar o que Deus havia preparado para realizar através dele.
2. Não subestime o que Deus pode fazer na vida das pessoas. Os irmãos de José e seu próprio pai se enganaram ao subestimar os sonhos que Deus havia colocado em seu coração.
3. Creia que a ação Deus na sua vida vai surpreender a muitos. Considere os casos citados de Davi, Gideão, Moisés e José.
4. Entenda que Deus escolhe pessoas para fazê-las grandes em Suas mãos. Deus pode escolher você exatamente por não ser nada aos olhos dos homens. Deus pode escolher você porque ninguém jamais o escolheu.  Lembra-se de Davi?
 Concluindo. Agora que você já sabe como é que Deus vê, lance fora de sua vida toda frustração, todos os fracassos e toda timidez. Liberte-se do medo, olhe para Deus e viva como um vencedor. Olhe para as pessoas e comece a enxergá-las de uma maneira melhor. Tome a decisão de, a partir de hoje, ver primeiramente como Deus vê, e os resultados serão surpreendentes.
Que este jovem que tanto ame e amo que já esta nos braços de Deus perceba o quanto e bom viver. E interceda por tantos jovens que como ele esta aqui na terra a descobri o verdadeiro caminho da felicidade.
 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O amor a Educação faz milagre

Num dia cinzento de garoa fria e intermitente nagrande Assunção, uma senhora de aparência frágil e desconfiada, trazendo no braço uma pequena criança, se aproximou da unidade do Programa de Educação Pré-Escolar (PEPE) da Igreja Batista de Hermosa, em Lambaré, e pediu para falar com a missionária-educadora.
_Senhora, por favor, aqui trago minha filhinha; ela se chama Aramy. 
A missionária observou a menina e notou que ela tinha  algumas dificuldades e quis saber qual era seu problema.
_Aramy nasceu, praticamente, sem concluir a formação dos ossos; é só cartilagens. Tenho andado com ela todos os dias e vivo em função dela - disse a mãe.
_Mas diga-me, senhora, em que podemos ajudar? Perguntou a missionária-educadora.
_Aramy tem 5 anos, é assim pequenina, mas é muito inteligente. Tem um sonho de assistir aula em uma escola. Eu já tentei colocá-la em todas as escolas da região, mas ninguém quer recebê-la. Será que vocês podem deixá-la assistir as aulas do PEPE? Eu ouvi dizer que aqui tratam as crianças e as pessoas de maneira diferente. Que se preocupam com as pessoas.
O coração da missionária-educadora quase "derreteu".
_Vamos fazer o seguinte, a senhora virá todos os dias na próxima semana, e veremos como podemos ajudar. Está bem assim?
O olhos daquela mãe se encheram de lágrimas; finalmente sua filha não seria excluida novamente.
Aramy começo a assistir às aulas e se mostrou muito inteligente, tornando-se líder dos coleguinhas.
Aramy se encantava ouvindo as histórias bíblicas e aprendeu os versículos, as letras, os números, a orar e confiar em Deus. Pela primeira vez ela se sentiu parte de um grupo; se sentiu amada por outras crianças; se sentiu importante. 
A família de Aramy foi convidada para as reuniões da igreja e, logo, teve um encontro com Deus.
Algum tempo depois, o pai de Aramy recebeu uma proposta para um melhor trabalho em uma cidade vizinha, com várias vantagens, mas não aceitou: "Não quero sair daqui, pois nos sentimos amados, respeitados e foi aqui que conhecemos o Senhor", disse ele.
Amados irmãos, que benção é sentir como Deus trabalha, restaura a vida das crianças e suas famílias! Deus continua escrevendo outras novas histórias lindas e nós agradecemos por sua participação, orações, palavras de ânimo e por sua oferta!
Pr.Carlos Alberto da Silva - missionário em Assunção-Paraguai

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Viva Maria! Nossa Alegria!


Nossa Senhora Auxiliadora

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Hoje meu coração se enche de festa e alegria, pois comemoramos o dia de Nossa Senhora Auxiliadora e minha amada e terna mãe. Quanta alegria, quanta historia, quanta coisa bonita para reviver com esta mãe querida e amada que sempre vem ao auxilio dos seus filhos nem sempre bem agradecido mais que ela sabe que a ama muito e com o coração puro. E o segundo ano que não estou na casa salesiana e é o primeiro que não participo da festa desta grande mãe mas espero tbém ser o ultimo, que os outros anos eu participo desta festa com muita alegria em outras casa que ama tanto esta mãe como eu amo. Te amo Maria Auxiliadora, Maria dos sonhos de Dom Bosco, Maria dos meu sonhos e sei que sou tua filha querida e me ajudará a cuidar de tantos jovens que de seu filho coloca em minha vida e que estes mesmos  são presente de Deus para mim. Obrigada por chuvas de Benção da minha vida e da vida da minha família.
De incomparável beleza é a imagem da Virgem Auxiliadora, rodeada pelos Anjos, pelos Apóstolos e Evangelistas! Mãe da Igreja e Auxiliadora dos Cristãos
Quadro de Nossa Senhora Auxiliadora venerado no altar-mor da basílica que, em sua honra, Dom Bosco construiu em Turim, Itália.
Seus mais de sete metros de altura por quatro de largura traduzem bem o título de "Mãe da Igreja e Auxiliadora dos cristãos".
Num trono de nuvens, Maria apresenta ao mundo o Menino Jesus de braços abertos, como a oferecer suas bênçãos à Igreja representada pelos Apóstolos e Santos, que a aclamam Mãe e Auxiliadora.
Ideado por Dom Bosco, é obra do pintor Tommaso Lorenzone, que durante seu trabalho declarou a um sacerdote: "Não é obra minha. Não sou eu que o estou pintando. Outra mão parece guiar minha mão".
Embaixo, Dom Bosco fez colocar a Basílica de Maria Auxiliadora e o Oratório de seus meninos.
Quando, em 1865, Dom Bosco encarregou o pintor Tomás Lorenzone de pintar o quadro, causou grande admiração a todos os que o escutavam, pela grandiosidade do projeto, como se falasse de uma cena já vista: "Ao alto, Maria SS., entre os coros dos Anjos. Depois os coros dos profetas, das Virgens, dos Confessores. No chão, os emblemas das grandes vitórias de Maria e os povos do mundo levantando as mãos para ela pedindo ajuda".
O pintor notou-lhe que para pintar um quadro do gênero, seria preciso uma praça e para o guardar, uma igreja grande como Piazza Castello. Dom Bosco resignou-se a ver o seu projeto reduzido. Lorenzone alugou um espaço no Palazzo Madama e pôs-se ao trabalho.
Dom Bosco compreendeu que o pintor tinha razão; e ficou decidido que o quadro teria Nossa Senhora, os Apóstolos, os Evangelistas, e um grupo de anjinhos. Em baixo, devia aparecer o Oratório de Turim, e, ao fundo, a Basílica de Superga.
Terminada a pintura, o pintor disse a um sacerdote salesiano que foi visitá-lo: "Contemple como é belo! Porém, não é obra minha. Não fui eu que o pintei. Foi outra mão que guiou a minha. Diga a Dom Bosco que o quadro sairá como ele o deseja."
Depois de três anos de trabalho, o grande quadro ficou pronto e foi levado e pendurado na Basílica de Maria Auxiliadora, Turim. Lorenzone, ao ver o quadro no lugar, ficou comovido. Caiu de joelhos e começou a soluçar!

Dom Bosco descreve-o assim:
"A Virgem domina num mar de luz e majestade. Está rodeada de uma multidão de Anjos que a homenageiam como rainha. Na mão direita segura o cetro, que é símbolo do seu poder; Na mão esquerda segura o Menino que tem os braços abertos, oferecendo assim as suas graças e a sua misericórdia a quem recorre à sua augusta Mãe. À volta e em baixo estão os santos Apóstolos e os Evangelistas. Eles, transportados por um doce êxtase, quase exclamam: Regina Apostolorum, ora pro nobis. Olham atônitos a Virgem Maria. No fundo da pintura está a cidade de Turim, com o santuário de Valdocco em primeiro plano e com o de Superga ao fundo. Aquilo que tem maior valor no quadro é a idéia religiosa, que gera uma devota impressão em quem o olha".
Segundo a descrição feita por Dom Bosco, o quadro é uma eficaz representação do título "Maria, Mãe da Igreja". E uma grande página de catequese mariana. Maria, enquanto Mãe do Filho de Deus, é a Rainha do céu e da terra: toda a Igreja, representada pelos apóstolos e pelos Santos, a aclama como Mãe e Auxiliadora poderosa.

Nossa Senhora é representada no alto, entre as nuvens, como Rainha do Céu, com o cetro na mão, símbolo de seu poder. A pomba estende as suas asas sobre a cabeça; e, mais em cima, o olho de Deus Pai, que ilumina tudo de vivíssima luz. Fazem coroa à Virgem diversos grupos de engraçados anjinhos. Maria Auxiliadora é rodeada, portanto, de Anjos que lhe fazem coroa e lhe prestam homenagem como a sua Rainha.
Com a mão direita, Nossa Senhora segura o cetro, símbolo do poder; com a esquerda, segura o Menino Jesus, que tem os braços abertos, oferecendo assim suas graças e sua misericórdia a quem recorre à sua querida Mãe. Na cabeça tem uma coroa de doze estrelas, com a qual é proclamada Rainha do céu e da terra.
Os Apóstolos Pedro (com as chaves) e Paulo (com a espada) ocupam no quadro o lugar principal, depois da Virgem Mãe. Os dois estendem os braços para Nossa Senhora, como para impetrar sua proteção. Atrás deles, estão os quatro Evangelistas, com os respectivos símbolos.
À direita, São Lucas, sentado sobre o touro, leva-nos a pensar no lugar do sacrifício, próprio do Antigo Testamento. Com efeito, o Evangelho de São Lucas começa com o sacrifício do sacerdote Zacarias.
Acima de Lucas, está São Mateus, coberto com um manto branco, tendo nos braços o menino em forma de anjo, porque ele começa o seu Evangelho, enumerando os antepassados humanos de Jesus.

À esquerda, São Marcos, sentado sobre o leão, para lembrar o grito que o Evangelista brada, no começo do seu Evangelho, quando diz: "Voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor!"
Mais acima, é representado São João Evangelista. Das nuvens que estão na frente dele, aparece uma águia, para significar que ele, escrevendo o Evangelho, levantou o vôo como águia, como Aquele pelo qual foram feitas todas as coisas.
Os Apóstolos, em diversas atitudes, aos pés de Nossa Senhora, levando os instrumentos de seu martírio. Em baixo, entre os Apóstolos Pedro e Paulo, aparece a Basílica de Maria Auxiliadora e, no horizonte, a colina de Superga, com o templo dedicado à Virgem Mãe de Deus, Maria Santíssima.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Pai e Filho Lição de Vida Lindo

Passamos por isso sempre que não temos paciência com aqueles que sempre tiveram com agente. O mundo e mesmo muito estranho e complicado de se ver, valorizamos sempre as pessoas que estão longe da gente e as que sempre estiveram ao nosso lado e difícil fala até mesmo um muito obrigado. Que neste mês de Maria mãe de Jesus ela nos ajuda a sermos mais humanos para podermos chegarmos a ser divino.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Parabéns Mamãe!

Mãe,


Que ao dar a benção da vida,
entregou a sua...

Que ao lutar por seus filhos,
esqueceu-se de si mesma...

Que ao desejar o sucesso deles, abandonou seus anseios...

Que ao vibrar com suas vitórias, esqueceu seu próprio mérito...

Que ao receber injustiças,
respondeu com seu amor...

E que, ao relembrar o passado,
só tem um pedido:

DEUS, PROTEJA MEUS
FILHOS, POR TODA
A VIDA!

Para você mãe, um mais
que merecido:

Feliz Dia das Mães!

Você merece!!!


terça-feira, 8 de maio de 2012

São Domingos Sávio: o mais jovem santo não mártir da Igreja

Falecendo com apenas 15 anos, aliou inocência e pureza angélicas à sabedoria de homem maduro, alcançando a heroicidade das virtudes!

O primeiro e mais abalizado biógrafo de São Domingos Sávio foi seu diretor espiritual e mestre, o grande São João Bosco. Dele extraímos os dados para este artigo.
 Filho de Carlos Sávio e Brígida Agagliate, Domingos Sávio nasceu em Riva, vila de Castelnuovo de Asti, em 2 de abril de 1842.
Desde pequeno foi dotado “de uma índole doce e de um coração formado para a piedade, aprendeu com extraordinária facilidade as orações da manhã e da noite, que rezava já quando tinha apenas quatro anos de idade”.
  
São João Bosco observa São Domingos Sávio em êxtase
Certo dia, durante um almoço em sua casa oferecido a um visitante, não tendo este rezado antes de começar a comer, Domingos pegou seu prato e retirou-se a um canto. Seu pai perguntou-lhe depois por que fizera isso. Ele respondeu: “Não me atrevo a pôr-me à mesa com uma pessoa que começa a comer como o fazem os bichos”.
Quando tinha cinco anos, ia à igreja com sua mãe; sua atitude devota chamava a atenção de todos. Se o templo estava ainda fechado, ajoelhava-se junto à porta, e aí ficava orando até que fosse aberto, não lhe importando se chovia ou nevava, se fazia calor ou frio.
Nessa idade, aprendeu a ajudar a Missa, o que fazia com muita devoção, apesar da dificuldade que tinha para transportar o enorme missal.
Seu programa de vida: “Antes morrer que pecar”
 Chegado o tempo de aprender as primeiras letras, “como estava dotado de muito engenho, e era muito diligente no cumprimento de seus deveres, fez em breve tempo notáveis progressos nos estudos”.
Evitava todos os meninos arruaceiros e só estabelecia amizade com os de boa conduta.
Domingos confessava-se freqüentemente. Tão logo soube distinguir entre “o pão celestial e o terreno”, foi admitido à Primeira Comunhão, aos sete anos, quando na época a idade mínima para tal era 12 anos.
Pode-se perceber a maturidade do menino nos propósitos que deixou registrados nesse dia:
“Propósitos que eu, Domingos Sávio, me propus no ano de 1849, quando fiz a Primeira Comunhão, aos 7 anos de idade:
1o. Confessar-me-ei muito amiúde e receberei a Sagrada Comunhão sempre que o confessor me permita;
2o. Quero santificar os dias de festa;
3o. Meus amigos serão Jesus e Maria;
4o. Antes morrer que pecar.
Este último propósito, feito por um menino de tão tenra idade, mostra a que ponto haviam chegado sua precoce maturidade e sua virtude. Tornou-se ele seu programa de vida. Quantos meninos de 7 anos, hoje em dia, teriam semelhante propósito, sobretudo depois de terem sido massacrados por aulas da chamada “educação sexual”?
Calado, sofre injustiça por amor de Deus
Vista da pitoresca cidade de Mondonio, onde morreu São Domingos Sávio
Terminado o primário em Mondonio, para onde se havia mudado, Domingos tinha que ir até Castelnuovo duas vezes por dia, ida e volta, o que representava uma caminhada de quase 20 quilômetros diários. Para um menino de 10 anos, e franzino de compleição, era um esforço grande. Mas, movido pelo desejo de estudar para abraçar o sacerdócio, fazia alegremente o sacrifício.
Domingos, por sua inteligência e aplicação, obteve sempre o primeiro lugar na classe, além de outras distinções por seu bom comportamento e pelo cumprimento dos deveres.
Determinado dia, alguns colegas seus encheram de pedras a estufa da classe. Era uma grave falta de disciplina, que merecia como penalidade a expulsão dos infratores. Estes, porém, acusaram Domingos Sávio de ter sido o autor do ato. O mestre, um sacerdote, embora duvidando, teve que ceder ante as evidências que lhe apresentavam. Chamou Domingos, mandou-o ajoelhar-se na frente da classe, e diante de todos os seus colegas passou-lhe um pito, dizendo que só não o expulsava por ter sido sua primeira falta. Domingos abaixou a cabeça e nada disse.
No dia seguinte, descobriu-se a verdade. O sacerdote chamou então Domingos e perguntou-lhe por que não se havia justificado. Ele disse que queria imitar Nosso Senhor, que foi acusado injustamente e não se defendeu. Além do mais, sabia que sua defesa poderia ter causado a expulsão de outros alunos. Como seria sua primeira falta, sabia que seria perdoado.
Domingos Sávio: outro São Luís Gonzaga
Em 1854, Dom Bosco foi procurado por D. Cugliero, professor de Domingos, “para falar-me de um seu aluno, digno de particular atenção por seu engenho e piedade: — ‘Aqui nesta casa (o Oratório de Dom Bosco) é possível que tenhas jovens que o igualem, mas dificilmente haverá quem o supere em talento e virtude. Observa-o, e verás que é um São Luís’”.
Nessa ocasião Dom Bosco tomou conhecimento da existência de Domingos Sávio, que contava 12 anos. Ele assim o descreve: “Era Domingos algo débil e delicado de compleição, de aspecto grave e ao mesmo tempo doce, com um não sei quê de agradável seriedade. Era afável e de aprazível condição, de humor sempre igual. Guardava constantemente na classe e fora dela, na igreja e em todas partes, tal compostura, que o mestre sentia a mais agradável impressão somente com o vê-lo e falar-lhe”.
Conhecendo melhor o novo discípulo ao longo dos anos, afirmou ainda sobre ele Dom Bosco: “Todas as virtudes que vimos brotar e crescer nele, nas diversas etapas de sua vida, aumentaram sempre maravilhosamente e cresceram juntas, sem que uma o fizesse em detrimento de outra”. Era impressionante ver a seriedade com que cumpria com os menores deveres. “No ordinário, começou a fazer-se extraordinário. [...] Aqui teve começo aquela vida exemplaríssima, aquele contínuo progresso de virtude em virtude, e aquela exatidão no cumprimento de seus deveres, que dificilmente se pode avantajar”.
Declaração de guerra: morte ao pecado mortal
A devoção do pequeno Domingos para com Nossa Senhora era extrema. No dia 8 de dezembro de 1854, ano da proclamação do dogma da Imaculada Conceição pelo Bem-aventurado Papa Pio IX, ante o altar da Virgem, ele renovou seus propósitos da Primeira Comunhão e fez esta oração: “Maria, eu vos dou meu coração; fazei com que seja vosso. Jesus e Maria, sede sempre meus amigos; mas, por vosso amor, fazei com que eu morra mil vezes antes que tenha a desgraça de cometer um só pecado”.
Domingos costumava dizer: “Quero declarar guerra de morte ao pecado mortal”
Esse horror ao pecado era muito vivo em Domingos, que costumava dizer: “Quero declarar guerra de morte ao pecado mortal”.
Mas não era só ao pecado mortal. Dizia: “Quero pedir muito, muito, à Santíssima Virgem e ao Senhor que me mandem antes a morte que deixar-me cair em um pecado venial contra a modéstia”.
Isso não se obtém sem uma pureza angélica. Essa virtude terá sido obtida à custa de muita oração e vigilância? Ou, conforme declarou São João Rua, seu condiscípulo no Oratório, no processo de beatificação: “Tenho a convicção de que Domingos, por singular privilégio, não estava sujeito a tentações contra a castidade”.
Desejo intensíssimo de santidade
Seis meses após a entrada de Domingos Sávio no Oratório, Dom Bosco fez aos alunos uma preleção sobre o dever que todos têm de serem santos, e a facilidade que há nisso, caso se busque em todas as coisas a vontade de Deus com toda simplicidade. Isso inflamou beneficamente Domingos Sávio, que foi procurá-lo e disse: “Quero dizer-vos que sinto um desejo e uma necessidade de fazer-me santo. Nunca teria imaginado que alguém pode chegar a ser santo com tanta facilidade; mas agora que vi que alguém pode muito bem chegar a ser santo estando sempre alegre, quero absolutamente e tenho absoluta necessidade de ser santo”.
Procedendo como experimentado diretor espiritual, Dom Bosco relata: “A primeira coisa que lhe aconselhei, para chegar a ser santo, foi que trabalhasse em ganhar almas para Deus, pois não há coisa mais santa nesta vida do que cooperar com Deus na salvação das almas, pelas quais Jesus Cristo derramou até a última gota de seu preciosíssimo sangue”.
Domingos transformou esse conselho em programa de vida, tornou-se um batalhador. “Não deixava passar ocasião de dar bons conselhos e avisar a quem dissesse ou fizesse coisa contrária à santa lei de Deus”. Exclamava: “Quão feliz seria se pudesse ganhar para Deus todos os meus companheiros!”. Dizia também que gostaria muito de reunir as crianças para ensinar-lhes o catecismo. Tinha presente quantas crianças, ao chegar à idade da razão, corrompem-se moralmente e perdem suas almas. A esse propósito, observou: “Quantos pobres meninos se condenam talvez eternamente por não haver quem os instrua na fé!”
Zelo pela conversão da Inglaterra
Seu zelo ia muito além. Não se restringia à sua vida espiritual, seus horizontes eram largos. Várias vezes disse a D. Bosco: “Quantas almas esperam nossos auxílios na Inglaterra! Oh! Se eu tivesse forças e virtude, quisera ir agora mesmo, e com sermões e bom exemplo, convertê-las todas a Deus”. Ele teve mesmo uma visão a esse respeito, e pediu que Dom Bosco a comunicasse ao Papa, quando fosse a Roma.
Afirma São João Rua: “Era verdadeiramente admirável que em um jovenzinho de sua idade reinasse tanto zelo pela glória de Deus, até o ponto de sentir horror e mesmo sofrer fisicamente quando ouvia alguém blasfemar, ou via de qualquer modo ofender-se a majestade de Deus”.
Outro condiscípulo mostra seu amor combativo pela fé, contra as heresias: “Naqueles tempos, mais de uma vez encontrei emissários protestantes vindos expressamente ao Oratório para semear seus erros. E um dos mais solícitos para impedi-los nessa ação era o jovenzinho Domingos Sávio”.
“Sua oração predileta – afirma Dom Bosco – era a coroa ao Sagrado Coração de Jesus para reparar as injúrias que recebe dos hereges, infiéis e maus cristãos”.
Enfim, muita coisa poder-se-ia ainda dizer sobre São Domingos Sávio, que ultrapassaria os limites deste artigo. Ele faleceu santamente no dia 9 de março de 1857 aos 15 anos de idade. E Dom Bosco tinha tanta certeza de sua santidade e futura canonização, que, num epitáfio que lhe escreveu, diz: “[...] Os que, havendo experimentado os efeitos de sua celestial proteção, gratos e ansiosos, esperam a palavra do oráculo infalível de nossa Santa Mãe a Igreja”.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Polegarzinha

Era uma vez uma mulher que queria ter um filho muito pequenino, mas não sabia como havia de fazer para encontrar um. Então, foi ter com uma velha bruxa e disse-lhe:
— Gostava tanto de ter um filho pequenino! Não sabes dizer-me onde posso arranjar um?
— Oh, isso não é difícil — disse a bruxa. — Aqui tens um grão de cevada, e olha que não é da que cresce nos campos dos lavradores nem daquela que as galinhas comem. Planta este grão num vaso e verás o que acontece!
— Oh, obrigada! — disse a mulher, dando uma moeda de prata à bruxa.
Depois foi para casa e semeou o grão. Não foi preciso esperar muito tempo para que nascesse uma bela flor; parecia uma túlipa, mas as pétalas estavam muito fechadas como se fosse ainda um botão.
— Que linda flor! — disse a mulher, dando um beijo nas pétalas vermelhas e amarelas.
Nesse preciso momento, a flor abriu-se com um forte estalido. Era realmente uma túlipa — agora via-se bem —, mas mesmo no centro da flor, no centro verde, estava sentada uma menina minúscula, graciosa e delicada como uma fada. Não era maior que metade de um polegar, e por isso ficou a chamar-se Polegarzinha.
A cama em que dormia era uma casca de noz muito bem polida; tinha um colchão de pétalas de violeta azuis-escuras e o seu cobertor era uma pétala de rosa. Dormia ali à noite, mas durante o dia brincava em cima da mesa, onde a mulher tinha posto um prato de sopa cheio de água com um círculo de flores à volta, com os caules virados para o meio. Dentro do prato, a flutuar, estava uma grande pétala de túlipa em que a Polegarzinha se podia sentar e remar de um lado para o outro usando dois pêlos brancos de cavalo como remos. Era lindo de se ver! Ela também sabia cantar, e tinha a vozinha mais frágil e mais doce que jamais se ouviu.

Uma noite, quando estava deitada na sua linda cama, um sapo entrou no quarto através de um vidro partido da janela. O sapo parecia muito grande e estava molhado quando saltou para cima da mesa onde a Polegarzinha dormia profundamente debaixo da sua pétala de rosa.
— Ora aqui está uma bela esposa para o meu filho! — disse o sapo.
E pegou na cama de casca de noz em que a Polegarzinha estava a dormir e saltou com ela através da janela para o jardim. No fim do jardim corria um largo regato, de margens pantanosas e lamacentas; era aí que o sapo vivia com o seu filho.
Este não era nada bonito; na realidade, era igualzinho ao pai.
— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo quanto disse quando viu a linda menina na casca de noz.
— Não fales tão alto, se não ela acorda — disse-lhe o pai. — Olha que pode fugir, porque é leve como uma pena de cisne. Já sei, vamos pô-la no meio do rio, em cima de uma daquelas grandes folhas de nenúfar! Assim, ela vai pensar que está numa ilha, porque é uma criaturinha minúscula. Entretanto, nós podemos começar a preparar o melhor quarto debaixo da lama, para vocês os dois lá viverem.
No regato, havia muitos nenúfares com grandes folhas verdes que pareciam flutuar soltas na água. A folha que estava mais longe era também a maior de todas, e foi nela que o velho sapo poisou a casca de noz com a Polegarzinha. A pobre menina acordou muito cedo e, quando viu onde estava, começou a chorar amargamente, porque havia água a toda a volta da grande folha e era impossível voltar para terra.
Entretanto, o velho sapo andava metido na lama, decorando atarefadamente o quarto com juncos e flores aquáticas amarelas, para ficar bonito e alegre para a sua futura nora. Depois, acompanhado pelo filho, nadou até à folha onde estava a Polegarzinha. Iam buscar a linda cama de casca de noz para a colocarem no quarto antes de a noivazinha ir para lá. O velho sapo, ainda dentro de água, fez uma profunda vénia e disse à Polegarzinha:
— Este é o meu filho. Vai ser o teu marido, e vocês os dois vão viver muito felizes numa bela casa debaixo da lama.
— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo o que o filho disse.
Então, pegaram na bonita caminha e lá foram a nadar com ela, enquanto a Polegarzinha ficava sozinha na folha verde, a chorar, porque não lhe apetecia nada viver com o velho sapo nem casar com o filho dele. Ora os peixinhos que nadavam ali por baixo tinham visto o sapo e ouvido o que ele dissera, de maneira que deitaram as cabeças de fora para verem a menina. Mas, assim que o fizeram, viram como era bonita e ficaram cheios de pena por ela ter de ir viver na lama com o sapo. Não, isso não podia acontecer! Juntaram-se em redor do pé verde da folha em que ela estava e puseram-se a roê-lo sem parar.

Recorte em papel feito por Hans Christian Andersen
Recorte em papel feito por
Hans Christian Andersen
Fonte:
Museus da Cidade de Odense
Lá foi a folha, flutuando pelo regato, levando a Polegarzinha para longe, cada vez para mais longe, para onde o sapo não podia ir.
Quando ela passava, os passarinhos nas árvores cantavam "Que linda criaturinha!" assim que a viam. E a folha lá ia a deslizar, cada vez para mais longe - e foi assim que a Polegarzinha chegou a outro país.
Uma linda borboleta branca esvoaçava por cima dela e acabou por poisar na folha, porque tinha começado a gostar da menina. Como ela estava feliz agora! O sapo já não podia apanhá-la e era tudo maravilhoso à sua volta, para onde quer que olhasse. A água, onde o sol brilhava, parecia ouro a cintilar. A Polegarzinha tirou o seu cinto e deu uma ponta à borboleta amiga e atou a outra à folha. Agora é que ia mesmo depressa!
Nesse momento, um grande escaravelho apareceu a voar por cima dela. Assim que viu a menininha, agarrou-a num ápice pela cintura e voou com ela para o cimo de uma árvore. A folha verde continuou a flutuar rio abaixo com a borboleta.
Meu Deus!, como a Polegarzinha ficou assustada quando o escaravelho a levou para cima da árvore! E como teve pena da sua amiga, a borboleta branca! Mas o escaravelho não queria saber disso. Poisou na maior folha verde da árvore e largou-a aí. Deu-lhe pólen para comer e disse-lhe que ela era muito bonita, embora não tanto como um escaravelho.
Em breve, todos os outros escaravelhos que viviam na árvore foram visitá-la. Olhavam para ela, e as jovens escaravelhas encolhiam as antenas, dizendo: "Mas só tem duas pernas, este insecto miserável! Não tem antenas! Tem uma cintura tão fina! Parece mesmo humana! Que feia que é!", e por aí fora, apesar de a Polegarzinha ser realmente uma criatura linda.
O escaravelho que a tinha levado também era desta opinião, mas quando todas as escaravelhas disseram que ela era horrível, ele começou a pensar o mesmo e acabou por não querer saber dela; podia ir para onde quisesse. Várias escaravelhas pegaram nela e voaram até ao solo, deixando-a em cima de uma margarida. Lá ficou ela a chorar, por ser tão feia que os escaravelhos não a queriam — e, no entanto, era a criaturinha mais bonita que se podia imaginar, mais bela que a mais perfeita pétala de rosa.
Durante todo o Verão, a pobre Polegarzinha viveu completamente sozinha na grande floresta. Teceu uma cama com ervas e pendurou-a como se fosse uma rede por baixo de uma grande folha de azeda, para ficar abrigada da chuva. Para comer apanhava mel e pólen das flores e bebia as gotas de orvalho que encontrava todas as manhãs nas folhas. E assim passou o Verão e o Outono, mas depois chegou o Inverno, o longo e frio Inverno. Os passarinhos, que tão docemente tinham cantado, voavam agora para longe, as árvores perdiam as folhas, as flores murchavam. Depois, a grande folha de azeda que lhe fazia de telhado começou a enrolar-se e murchou, até que ficou apenas uma haste seca e amarela. A Polegarzinha tinha imenso frio, porque o seu vestido estava todo roto e ela era muito frágil e pequenina. Em breve morreria de frio. A neve começou a cair, e cada floco que caía sobre ela era tão pesado como uma pazada atirada a um de nós. Afinal, ela só tinha dois centímetros e meio de altura. Embrulhou-se numa folha murcha, mas não conseguiu aquecer-se, e tremia cada vez mais.

Por essa altura, já tinha alcançado a orla da floresta. Mesmo ao lado havia um grande campo de trigo, mas este tinha sido ceifado há muito tempo e só se via o restolho seco na terra gelada. Para ela, aquilo era o mesmo que uma floresta para atravessar e oh!, como ela tremia de frio! Finalmente, chegou à porta de um rato do campo, que vivia numa casinha por baixo do restolho. Era aconchegada e confortável, com um armazém cheio de trigo, uma cozinha quente e uma sala de jantar. A pobre Polegarzinha parou à porta da casa do rato como se fosse uma mendiga e pediu se ele lhe dava um bocadinho de um grão, porque já há dois dias que não comia nada.
— Pobrezinha! — disse o rato do campo, que tinha muito bom coração. — Vem para a cozinha, que está quente, e comes comigo.
Gostou tanto da companhia da Polegarzinha que acabou por lhe dizer:
— Podes ficar comigo durante o Inverno, mas tens de limpar e arrumar a casa e contar-me histórias. Gosto muito de histórias.
A Polegarzinha fez o que o velho rato do campo lhe disse; e o tempo foi passando agradavelmente.
— Em breve teremos uma visita — disse o rato do campo. — O meu vizinho vem visitar-me todas as semanas. A casa dele ainda é melhor do que a minha, com grandes e belos quartos, e ele usa um lindo casaco de veludo preto! Se conseguisses que ele casasse contigo, nunca mais te faltaria nada. Mas ele é quase cego, de maneira que tens de te preparar para lhe contar as melhores histórias que souberes.
A Polegarzinha não gostou muito da ideia. Não lhe apetecia nada casar com o vizinho rico; era um toupeiro, e veio fazer a sua visita com o casaco de veludo preto. O rato do campo lembrou à Polegarzinha como ele era rico e culto; disse-lhe que a casa dele era vinte vezes maior do que a sua.
Que ele sabia muitas, muitas coisas, embora não gostasse do sol e das lindas flores, porque nunca os tinha visto. A Polegarzinha teve de cantar para ele, e cantou Tive uma nogueirazinha e Joaninha voa, voa. O toupeiro apaixonou-se pela sua linda voz, mas não disse nada, porque era muito cauteloso.
Ele tinha escavado recentemente uma passagem muito longa, que ia da sua casa à do vizinho, e disse ao rato do campo e à Polegarzinha que podiam ir visitá-lo quando quisessem. Mas pediu-lhes que não tivessem medo da ave morta que estava na passagem. Contou-lhes que a ave não tinha qualquer marca nem ferida, não lhe faltavam penas, e o bico estava intacto; devia ter morrido há muito pouco tempo, com a chegada do Inverno, e, de alguma maneira, tinha caído na sua passagem subterrânea.
Então, o toupeiro agarrou num pedaço de madeira podre com a boca (porque a madeira podre brilha como fogo no escuro) e foi à frente para iluminar a longa passagem para os seus convidados. Depressa chegaram ao sítio onde estava a ave, e o toupeiro empurrou o tecto com o focinho largo, levantando a terra para fazer um buraco que deixou entrar a luz do dia. E lá estava uma andorinha, com as lindas asas encostadas ao corpo, as pernitas e a cabeça escondidas nas penas; a pobre ave de certeza que tinha morrido de frio. A Polegarzinha teve muita pena dela, porque amava todas as avezinhas, que tinham cantado e chilreado para ela de uma maneira tão encantadora durante todo o Verão. Mas o toupeiro empurrou a andorinha para o lado com as suas pernitas curtas e disse:
— Esta já não assobia mais! Que pouca sorte nascer ave! Felizmente que nenhum dos meus filhos será como elas. Uma ave não sabe fazer nada a não ser dizer tuit-tuit e depois morrer de fome no Inverno!
— Sim, lá nisso tens razão — disse o rato do campo. — Com todo o seu tuit-tuit, que é que elas fazem quando chega o Inverno? Morrem de fome e de frio. E, no entanto, toda a gente as acha muito importantes.
A Polegarzinha não disse uma palavra, mas, quando os outros recomeçaram a andar, baixou-se, afastou meigamente as penas da cabeça da andorinha e beijou-lhe os olhos fechados.
— Talvez esta seja a que cantou tão suavemente para mim durante o Verão — pensou. — Que felicidade me deu esta pobre avezinha da floresta!
Então, o toupeiro tapou o buraco que tinha feito para deixar entrar a luz do dia e acompanhou as visitas a casa. Mas nessa noite a Polegarzinha não conseguia dormir, de maneira que levantou-se e teceu uma cobertazinha de feno. Quando acabou, foi pô-la em cima da ave. Ao lado, deixou um pouco de lanugem de cardo que tinha encontrado na sala de estar do rato do campo, para que a ave pudesse repousar quentinha sobre a terra fria.
— Adeus, linda andorinha! — disse ela. — Adeus e obrigada pelas tuas belas canções no Verão, quando as árvores estavam verdes e o Sol brilhava tão alegremente sobre nós todos!
Depois encostou a cabeça ao coração da andorinha — mas ficou logo muito espantada, porque parecia que alguma coisa batia lá dentro. Era o coração da andorinha a bater. Não estava morta, apenas entorpecida pelo frio, e, como tinha sido aquecida, começava a voltar a si.
No Outono, as andorinhas voam todas para terras mais quentes, mas, se uma delas se atrasa, o frio pode fazê-la gelar; então cai no chão e depressa fica coberta de neve.
A Polegarzinha tremia, assustada; a ave era muito maior do que ela, que só tinha dois centímetros e meio de altura. Mas encheu-se de coragem e aconchegou a lanugem de cardo ao corpo da pobre andorinha. Depois, foi a correr buscar a sua coberta, uma folha de hortelã, para lhe tapar a cabeça.
Na noite seguinte, esgueirou-se outra vez para visitar a andorinha — ela estava realmente viva, mas tão fraca que mal pôde abrir os olhos para olhar para a Polegarzinha. Ali estava ela, com um pedacinho de madeira podre na mão, porque não tinha outra lanterna.
— Obrigada, obrigada, linda menina — disse a andorinha doente. — Aqueceste-me tão bem que depressa estarei suficientemente forte para voar ao sol brilhante.
— Oh! — exclamou a Polegarzinha —, ainda está muito frio lá fora! Há neve e gelo por todo o lado. Fica aí na tua caminha quente que eu trato de ti.
Depois levou-lhe água numa folha, e a andorinha bebeu e contou-lhe como tinha magoado uma asa numas silvas e, por isso, não tinha conseguido voar tão depressa como as outras andorinhas quando partiram para terras mais quentes. Por fim, acabara por cair, e não se lembrava de mais nada. Não fazia a menor ideia de como tinha ido parar ali.
Durante todo o Inverno, a andorinha ficou na passagem subterrânea. A Polegarzinha tratou dela e tornou-se muito sua amiga. Mas não disse nada ao toupeiro nem ao rato do campo, porque eles não gostavam de avezinhas. Por fim, chegou a Primavera e os raios de Sol começaram a atravessar a terra. A andorinha disse adeus à Polegarzinha e reabriu o buraco que o toupeiro tinha feito no tecto da passagem. A luz do Sol encheu ambas de alegria, e a andorinha pediu à Polegarzinha que fosse com ela; podia subir para as suas costas e voariam para a floresta cheia de verdura. Mas a Polegarzinha sabia que o velho rato do campo ficaria triste se ela se fosse embora assim sem mais nem menos.
— Não, não posso ir — disse ela.
— Então adeus, adeus, linda menina bondosa! — respondeu a andorinha, voando em direcção ao Sol.
A Polegarzinha viu-a subir no céu, e os seus olhos encheram-se de lágrimas, porque se tinha tornado muito amiga da pobre andorinha.
— Tuit, tuit! — cantou a avezinha, voando em direcção à floresta verde.

A Polegarzinha estava agora muito triste. Não a deixavam sair para a claridade do Sol, e, nos campos onde vivia, o trigo era tão alto que, para ela, era como uma floresta que se erguia muito acima da sua cabeça.
— Tens de ter o teu enxoval pronto este Verão — disse o rato do campo, porque, entretanto, o vizinho toupeiro do casaco de veludo tinha proposto casamento à Polegarzinha. — Precisas de roupas de linho e lã e de muitos cobertores e lençóis quando fores casada com o toupeiro.
A Polegarzinha teve de trabalhar arduamente com a roca, e o toupeiro contratou quatro aranhas para tecerem para ela de dia e de noite. Todas as tardes lhe fazia uma vista e dizia sempre que, quando o Verão acabasse e o Sol não estivesse tão terrivelmente quente e deixasse de queimar a terra até a deixar dura com uma pedra, então casariam. Mas a Polegarzinha não estava nada satisfeita, porque não gostava daquele velho toupeiro tão pomposo. Todas as manhãs, quando o Sol se erguia, e todas as noites, quando se punha, ela esgueirava-se lá para fora; quando o vento fazia ondular as espigas de trigo, conseguia ver o céu azul e pensava sempre como era bom e belo viver ao ar livre. Desejava imenso ver de novo a sua amiga andorinha, mas ela não voltou a aparecer; tinha voado para o bosque verde coberto de folhas.
Quando o Outono chegou, o enxoval da Polegarzinha estava pronto.
— Casas daqui a quatro semanas — disse o rato do campo.
Mas a Polegarzinha começou a chorar e disse que não queria casar com o toupeiro.
— Que disparate! — respondeu o rato do campo. — Não te ponhas com problemas. Arranjaste um marido esplêndido, pois nem a rainha tem um casaco de veludo preto tão bom como o dele! E pensa naquela cozinha e cave tão bem fornecidas! Deves agradecer a tua boa sorte.

E, assim, chegou o dia do casamento. O toupeiro já tinha ido buscar a Polegarzinha, pois ela ia viver com ele bem debaixo do solo; nunca mais poderia apanhar a luz radiante do Sol, porque o toupeiro não a suportava. Cheia de tristeza, foi dizer o último adeus ao Sol brilhante; enquanto vivera com o rato do campo, sempre a tinham deixado ir pelo menos até à porta.
— Adeus, Sol brilhante! — disse ela, erguendo os braços em direcção a ele e dando alguns passos no campo imenso, pois o trigo tinha sido ceifado e só ficara o restolho. — Adeus, adeus — disse ela outra vez, abraçando uma florzinha vermelha que crescia por entre os caules. — Se alguma vez tornares a ver a andorinha, diz-lhe que lhe mando saudades!
Nesse preciso momento ouviu um som — tuit, tuit — mesmo por cima de si. Era a andorinha.
Como estava, contente por ver a sua amiga Polegarzinha! Então esta contou-lhe que tinha de casar nesse mesmo dia com o toupeiro e ir viver com ele debaixo da terra, onde o Sol nunca brilhava. E as lágrimas saltaram-lhe dos olhos só de pensar nisso.
— Vem aí o frio Inverno — disse a andorinha. — Vou voar para longe, para os países quentes. Por que não vens comigo? Podes subir para as minhas costas e atares-te a mim com o teu cinto. Deixamos o toupeiro e a sua casa escura e voamos para muito, muito longe, por cima das montanhas, para um país onde o Sol brilha ainda mais do que aqui, onde é sempre Verão e onde as matas e as florestas estão cobertas das mais belas flores. Ah, vem comigo, querida Polegarzinha, tu que me salvaste a vida quando eu estava gelada na escura passagem debaixo da terra!
— Sim, vou contigo — acabou por dizer a Polegarzinha.
Sentou-se nas costas da ave e atou o cinto a uma das suas penas mais fortes. Então, a andorinha ergueu-se muito alto no céu e voou por cima de florestas, lagos e montanhas onde há sempre neve. O ar gelado fazia a Polegarzinha tremer, mas ela enfiava-se debaixo das penas quentes da ave e só espreitava para olhar, assombrada, para as belas coisas lá em baixo.

Por fim, chegaram aos países quentes. Aí, o Sol brilhava com muito mais intensidade do que a Polegarzinha supunha ser possível; o céu parecia duas vezes mais alto. Ao longo das estradas, havia deliciosas uvas brancas e roxas; limões e laranjas pendiam das árvores; o ar estava perfumado de mirto e de muitas outras plantas aromáticas; e, pelos caminhos, corriam muitas crianças lindas, a brincar por entre coloridas borboletas. Mas a andorinha voou ainda para mais longe, para onde a paisagem era também ainda mais bonita. E então, à sombra de enormes árvores verdes, na margem de um lago azul-safira, viram um palácio muito antigo construído em mármore branco, com videiras enroladas nas suas altas colunas. Mesmo no cimo das colunas havia muitos ninhos de andorinhas, e num deles vivia a amiga da Polegarzinha.
— A minha casa é esta — disse ela. — Mas, se quiseres escolher uma daquelas lindas flores ali em baixo, eu ponho-te lá, e podes viver feliz à tua vontade.
— Ah, como vou gostar! — gritou a Polegarzinha, batendo as mãozinhas.
Uma grande coluna branca estava caída por terra, partida em três bocados, e entre eles cresciam altas e belas flores brancas. A andorinha voou até lá abaixo com a Polegarzinha e poisou-a numa pétala. Então, a Polegarzinha teve uma grande surpresa. Ali, no centro da flor, estava um principezinho, tão belo e delicado que parecia feito de vidro. Tinha na cabeça a coroa de ouro mais bonita que pode imaginar-se e nos ombros um par de asas coloridas e brilhantes, e não era maior do que a própria Polegarzinha. Era o espírito que guardava a flor. Em cada flor havia uma criaturinha igual, mas ele era o rei de todas.
— Que bonito que ele é! — sussurrou a Polegarzinha à andorinha.
O principezinho ao princípio ficou muito assustado com a ave, que lhe parecia gigantesca, mas quando viu a Polegarzinha ficou cheio de alegria. Achou que ela era a mais bela de todas as criaturas que jamais tinha visto, mesmo entre as fadas das flores. Tirou a coroa de ouro da sua cabeça e colocou-a na dela e perguntou-lhe como se chamava e se queria ser sua mulher e rainha de todas as flores.
Bem, este marido podia ela amar de verdade — era muito diferente do filho do sapo ou do velho toupeiro com o seu casaco de veludo. E por isso disse que sim ao belo príncipe. Então, ergueu-se de cada flor uma criaturinha, rapaz ou rapariga, homem ou mulher, tão pequeninas e tão bonitas que era emocionante vê-las. Todas deram uma prenda à Polegarzinha, mas a melhor de todas foi um lindo par de asas. Prenderam-nas aos ombros da Polegarzinha, e agora também ela podia voar de flor em flor. Toda a gente estava cheia de alegria: era como uma maravilhosa festa de Verão. A andorinha, lá em cima no seu ninho, cantou-lhes a canção mais bonita que sabia, mas no fundo estava triste, porque gostava tanto da Polegarzinha que não queria separar-se dela.
— Nunca mais te chamarás Polegarzinha — declarou o príncipe das flores. — Não é um nome suficientemente bonito para uma criatura tão bela como tu. A partir de agora, vamos chamar-te Maia!
— Adeus, adeus — disse a andorinha, quando chegou a altura de voar de novo dos países quentes para a Dinamarca.
Aí, ela tinha um pequeno ninho ao lado da janela do homem que escreve contos de fadas.
— Ouve, ouve — trinou a andorinha para o escritor de contos de fadas...
E foi assim que soubemos esta história.