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domingo, 29 de janeiro de 2012

O milagre dos pequenos pedreiros

Durante a semana os pedreiros de Turim começaram a ver um espectáculo fora do vulgar: um padre de batina arregaçada subia os andaimes, entre baldes de cal e montes de tijolo. Era D. Bosco que, terminados os seus afazeres, andava pelas obras para se encontrar com os seus rapazes. Era uma festa para eles. Provenientes da província, tinham vindo parar a Turim em busca de trabalho como serventes de pedreiro, e muitas vezes eram explorados por patrões gananciosos e sem escrúpulos.
Mas ele não se limitava a falar com os rapazes no lugar de trabalho. Abordava também os patrões. Inteirava-se dos salários, do tempo de descanso, da possibilidade de guardar o domingo. Foi ele um dos primeiros na Itália a estabelecer contratos regulares de trabalho para os seus jovens aprendizes, e a bater-se pelo seu cumprimento.
Mas D. Bosco sozinho não podia chegar a tudo: todo o ser humano é limitado.
Um domingo de Julho de 1846, depois de um dia extenuante, passado a confessar, pregar, organizar jogos para os seus quinhentos garotos, enquanto se dirigia para o quarto, desmaiou.
Levaram-no em braços para a cama. Tinha sido atingido por uma grave pleurisia com expectoração de sangue. Durante a noite a febre subiu assustadoramente.
Pelos andaimes dos pequenos pedreiros, pelas oficinas dos jovens mecânicos, a notícia espalhou-se rápida como um relâmpago: “D. Bosco está a morrer”.
Naquela noite, ao quarto onde D. Bosco agonizava, iam chegando grupos de rapazes apavorados. Tinham ainda a roupa suja do trabalho, o rosto branco da cal. Nem tempo tinham tido de jantar para correr até lá. Choravam, rezavam:
— Senhor, não o deixes morrer!
Oito dias esteve D. Bosco entre a vida e a morte. Houve rapazes que, naqueles oito dias, trabalhando sob um sol escaldante, não provaram uma gota de água para arrancar do Senhor a sua cura. No Santuário da Consolata os pequenos serventes de pedreiros revezavam-se na oração: dia e noite havia sempre algum de joelhos diante de Nossa Senhora.
Às vezes o sono era tanto que os olhos se fechavam (depois de 12 horas de trabalho), mas não desistiam, pois D. Bosco não podia morrer. E a graça chegou, arrancada ao céu por aqueles miúdos que não se resignavam a ficar sem pai.
Uma tarde de domingo, pelos fins de Julho, apoiado a uma bengala, D. Bosco aparece no Oratório.
Os seus rapazes voam ao seu encontro. Os mais velhos obrigam-no a sentar-se num cadeirão, levantam-no aos ombros, e levam-no em triunfo até ao pátio. Todos cantam e choram de alegria, incluindo o próprio D. Bosco.
Entram na capela e agradecem ao Senhor. No silêncio absoluto que se fez, D. Bosco disse a todo o custo estas palavras:
— A minha vida é a vós que a devo. Mas podeis ter a certeza de que, de hoje em diante, toda ela será gasta em benefício vosso.
Naqueles dias de calor asfixiante, D. Bosco foi passar alguns meses de convalescença à terra natal. Prometeu que a demora não seria longa: até ao cair da folha.
Uma mãe para 500 rapazes
Era o dia 3 de Novembro de 1846. As folhas caíam com o vento do Outono, e D. Bosco regressou a Turim. Desta vez não vem sozinho: acompanha-o Margarida sua mãe, que tinha concordado em acompanhá-lo para se tornar a mãe de todos aqueles rapazes.
Os dois peregrinos fizeram a longa caminhada a pé. Margarida trazia no braço uma canastra, com todos os seus haveres: alguma roupa branca e um pouco de comida.
Já perto do Oratório um sacerdote amigo de D. Bosco reconhece-o, dá-lhe as boas-vindas e quer saber notícias:
— Então como é que vai a saúde?
— Sinto-me bem, obrigado.
— Onde é que ficas a viver?
— Aqui, na casa Pinardi. Aluguei lá três divisões. Como vês, trouxe comigo a minha mãe.
— Com que meios contas?
— Ainda não sei. Mas a Providência lá está.
— És sempre o mesmo — murmurou o outro abanando a cabeça —. Depois tirou o relógio do bolso e entregou-lho dizendo:
— Gostaria de ter mais recursos para poder ajudar-te.
Margarida foi a primeira a entrar na nova casa: três quartinhos nus e tristes com os respectivos leitos, duas cadeiras e alguns tachos. Esforçou-se por sorrir e disse a D. Bosco:
— Na nossa terra, andava numa roda viva para ter tudo em ordem, limpar os móveis e lavar a louça. Aqui terei menos preocupações…
Ambos, de sorriso nos lábios, meteram mãos à obra.
D. Bosco pôs na parede um crucifixo e um pequeno quadro de Nossa Senhora. Margarida preparou as camas e depois mãe e filho começaram a cantar. A canção dizia assim:
“Guai al mondo — se ci sente,
Forestieri — senza niente”

(Ai se o mundo nos descobre,
Forasteiros, mãos vazias…)
Um dos rapazes, Estêvão Castagno, ouviu-os, e a notícia correu veloz de boca em boca entre todos os rapazes de Valdocco:
— D. Bosco já voltou…
“Sou órfão. Venho de Valsesia”
Agora que tinha a mãe consigo, D. Bosco pensa poder fazer alguma coisa mais pelos seus rapazes. Alguns, à noite, não tinham onde dormir. Ficavam em qualquer canto ou nos miseráveis dormitórios públicos.
Pensou em recolher em casa os mais abandonados.
A primeira experiência saiu-lhe mal. Tinha posto alguns a dormir no palheiro. De manhã, nem um só para amostra: tinham fugido todos levando consigo as mantas que Margarida lhes tinha emprestado. Mas não desanimou.
Uma tarde de Maio. Chove a cântaros. D. Bosco e a mãe tinham acabado de jantar, quando alguém bate à porta. É um rapaz dos seus 15 anos, todo molhado e enregelado.
— Sou órfão. Venho de Valsesia. Sou servente de pedreiro, mas ainda não encontrei trabalho. Tenho frio e não sei para onde ir…
— Entra — disse-lhe D. Bosco —. Vai para a lareira, pois ensopado como estás pode ser perigoso.
Margarida prepara-lhe qualquer coisa para comer. Depois pergunta-lhe:
— E agora, para onde vais?
O rapaz fica pensativo. Depois, de lágrimas nos olhos:
— Não sei. Tinha três liras quando cheguei a Turim, mas já as gastei todas. Por favor, não me mande embora.
Margarida pensa nas mantas que ti¬nham voado:
— Poderias ficar, mas quem nos garante que não foges com as panelas?
— Não senhora. Sou pobre, mas nunca roubei.
D. Bosco acabara de sair debaixo da chuva. Pouco depois entra comuns tijolos, faz com eles quatro suportes sobre os quais coloca umas tábuas. Depois vai à sua própria cama. Tira o colchão e estende-o sobre as tábuas.
— Ficas a dormir aqui, meu caro. E ficarás enquanto for preciso. Ninguém te mandará embora.
É o primeiro órfão que entra na casa de D. Bosco. No fim do ano são sete. Mais tarde serão milhares.
Um dia D. Bosco entra numa barbearia. Aproxima-se um pequeno aprendiz para lhe ensaboar a cara.
— Como te chamas? Quantos anos tens?
— Carlitos. Tenho 11 anos.
— Muito bem, Carlitos, vê lá se fazes esse trabalho bem feito. E teu pai?
— Morreu. Só tenho mãe.
— Pobre menino, sinto muito.
O rapazito tinha acabado de lhe ensaboar a cara.
— Agora, coragem, pega na navalha como se deve e faz-me a barba. Acode o patrão, alarmado:
— Desculpe, reverendo! O miúdo ainda não é capaz. O trabalho dele é só passar o sabão.
— Mas alguma vez há-de ser a primeira, não é verdade? Por isso pode começar comigo. Força, Carlitos.
Carlitos fez aquela barba tremendo como uma folha. Quando a navalha se movia em volta do queixo, suava em bica. Lanho aqui, lanho ali, conseguiu chegar ao fim.
— Parabéns Carlitos! — Sorriu D. Bosco —. Agora que já somos amigos, tinha muito gosto em que fosses visitar-me de vez em quando.
Um dia de Verão, D. Bosco dá com ele a chorar ao pé da barbearia:
— Que te aconteceu?
— Morreu a minha mãe, e o patrão despediu-me. E não sei para onde ir.
— Vem comigo. Sou pobre, mas ainda que só tenha um pedaço de pão, reparto-o contigo.
Margarida preparou mais uma cama. Carlitos Gastini ficou mais de cinquenta anos com D. Bosco. Alegre, cheio de vida, tornou-se o animador brilhante de todas as festas. Fazia rir toda a gente. Mas quando falava de D. Bosco, chorava como uma criança. “Era tão meu amigo!” exclamava comovido.
Viva Dom Bosco! Sempre Conosco!

sábado, 28 de janeiro de 2012

mensagem para voce que esta perdido

PRECISAMOS OUVIR A DEUS E APRENDER A OLHA PARA NÓS MESMO COM UM OLHA DIVINO E ENCONTRA O NOSSO VERDADEIRO VALOR E SABER AGRADECER A DEUS POR TANTA SABEDORIA, BONDADE E AMOR!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Deus sempre age certo

Certa vez, um homem pediu a Deus uma flor e uma borboleta.
Mas Deus lhe deu um cacto e uma lagarta.
O homem ficou triste pois não entendeu o porquê do seu pedido vir errado.
Daí pensou: Também, com tanta gente para atender... e resolveu não questionar.
Passado algum tempo, o homem foi verificar o pedido que deixou esquecido.
Para sua surpresa, do espinhoso e feio cacto havia nascido a mais bela das flores,
e a horrível lagarta transformara-se em uma belíssima borboleta.
Deus sempre age certo.
O seu caminho é o melhor, mesmo que aos nossos olhos pareça estar dando tudo errado.
Se você pediu a Deus uma coisa e recebeu outra, confie.
Tenha a certeza de que Ele sempre dá o que você precisa, no momento certo.
Nem sempre o que você deseja..., é o que você precisa.
Como Ele nunca erra na entrega de seus pedidos, siga em frente sem murmurar ou duvidar.
O espinho de hoje..., será a flor de amanhã !!!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O eco e a vida: um conto de paz

 Certo dia os inimigos se encontraram em uma esquina da vida. Eram dois e viviam batendo de frente. Raiva, impasse e intriga.
     O primeiro dobrou uma rua. O outro, curvou na que estava, deu uns poucos passos e pensou:
     - Não é possível que isso vá ficar assim... Não, não vou deixar barato. Deu meia volta e começou a seguir o outro, até que este saiu fora da cidade, que ficava entre árvores e montes, ladeada por serras. Queria pegá-lo só para que não houvesse testemunhas.
     E o outro gritou enraivecido:
     - Ei, rapaz!
     E o eco ecoou:
     - Paz... Paz... Paz...
     O primeiro olhou para traz com um sorriso nos lábios e outro no coração. Avistou, ao longe, aquele que lhe interveio e, querendo confirmar o que seus ouvidos ouviram, perguntou em tom ameno, coisa que há muito tempo não existia entre os dois.
     - Tá falando comigo?
     E o eco ecoou:
     - Amigo... migo... migo...
     E o outro, perdido naquilo que seria o seu elemento surpresa, respondeu brandamente e com certa comoção:
     - Não, é que eu te vi agora há pouco e queria te perguntar...
     E começaram a dialogar, como há muito tempo não faziam.


Maria Aparecida Antunes Moreira,
Gameleira - MG.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Seja surdo

Era uma vez uma corrida de sapinhos.
Eles tinham que subir uma grande torre e, atrás havia uma multidão, muita gente que vibrava com eles.
começou a competição. A multidão dizia:
- Não vão conseguir, não vão conseguir!!
Os sapinhos iam desistindo um a um, menos um deles que continuava subindo.
E a multidão continuava a aclamar:
- Vocês não vão conseguir, vocês não vão conseguir,
E os sapinhos iam desistindo, menos um, que subia tranqüilo, sem esforços.
Ao final da competição, todos os sapinhos desistiram, menos aquele.
Todos queriam saber o que aconteceu, e quando foram perguntar ao sapinho,
como ele conseguiu chegar até o fim, descobriram que ele era SURDO.
Quando a gente quer fazer alguma coisa que precise de coragem,
não deve escutar as pessoas que falam que você não vai conseguir. 
Seja surdo aos apelos negativos.
 

Deus e a criação

O professor contou, em aula, que, no princípio da vida na Terra,
quando os minerais, as plantas e os animais souberam que era necessário santificar o nome de Deus,
houve da parte de quase todos um grande movimento de atenção.
Certas pedras começaram a produzir diamantes e outras revelaram ouro e gemas preciosas.
As árvores mais nobres começaram a dar frutos.
O algodoeiro inventou alvos fios para a vestimenta do homem.
A roseira cobriu-se de flores.
A grama, como não conseguia crescer, alastrou-se pelo chão, enfeitando a Terra.
A vaca passou a fornecer leite.
A galinha, para a alegria de todos, começou a oferecer ovos.
O carneiro iniciou a criação de lã.
A abelha passou a fazer mel.
E até o bicho-da-seda, que parece tão feio, para santificar o nome de Deus fabricou fios lindos,
com os quais possuímos um dos mais valiosos tecidos que o mundo conhece.
Nesse ponto da lição, como o instrutor fizera uma pausa, Pedrinho perguntou:
- Professor, e que fazem os homens para isso?
O orientador da escola pensou um pouco respondeu:
Nem todos os homens aprendem rapidamente as lições da vida,
mas aqueles que procuram a verdade sabem que a nossa Inteligência,
deve glorificar a Eterna Sabedoria, cultivando o bem e fugindo ao mal.
As pessoas que se consagram às tarefas da fraternidade,
compreendendo os semelhantes e auxiliando a todos,
são as almas acordadas para a luz e que louvam realmente
o nome de nosso Pai Celeste.
E, concluindo, afirmou:
O Senhor deseja a felicidade de todos e, por isso,
todos aqueles que colaboram pelo bem-estar dos outros,
são os que santificam na Terra a sua Divina Bondade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Deus é como açúcar

"Um certo dia, a professora querendo saber se todos tinham estudado,
a lição de catecismo, perguntou as crianças quem saberia explicar quem é Deus?
Uma das crianças levantou o braço e disse:
- Deus é o nosso pai, Ele fez a terra, o mar e tudo que está nela;
nos fez como filhos dele.
A professora, querendo buscar mais respostas, foi mais longe:
- Como vocês sabem que Deus existe, se nunca O viu?
A sala ficou toda em silêncio...
João,um menino muito tímido, levantou as mãozinhas e disse:
- A minha mãe me disse que Deus é como o açúcar no meu leite,
que ela faz todas as manhãs, eu não vejo o açúcar,
que está dentro da caneca no meio do leite, mas se ela tira, fica sem sabor.
Deus existe, e está sempre no meio de nós, só que não O vemos,
mas se Ele sair de perto, nossa vida fica...sem sabor.
A professora sorriu, e disse:
- Muito bem João, eu ensinei muitas coisas a vocês,
mas você me ensinou algo mais profundo que tudo o que eu já sabia.
Eu agora sei que Deus é o nosso açúcar,
e que está todos os dias adoçando a nossa vida!
Deu-lhe um beijo e saiu surpresa com a resposta daquela criança."
A sabedoria não está no conhecimento, mas na vivência de DEUS em nossas vidas,
pois teorias existem muitas, mas doçura como a de DEUS não existe ainda,
nem mesmo nos melhores açúcareiros ...
Espero que todos nós sempre possamos nos lembrar um do outro,
e que sempre possamos entender que na vida,
necessitamos muito de Deus e de nossos amigos para continuar....  

Deus e você

Só Deus pode criar
Mas você pode valorizar o que Ele criou Só Deus pode dar a vida
Mas você pode transmiti-la e respeita-la Só Deus pode dar a saúde
Mas você pode orientar e guiar Só Deus pode dar a fé
Mas você pode dar o seu testemunho Só Deus pode infundir esperança
Mas você pode restituir a confiança ao irmão Só Deus pode dar o amor
Mas você pode ensinar o seu irmão a amar Só Deus pode dar a paz
Mas você pode semear a união Só Deus pode dar a alegria
Mas você pode sorrir a todos Só Deus pode dar a força
Mas você pode apoiar quem desanimou Só Deus é o caminho
Mas você pode indica-lo aos outros Só Deus é a luz
Mas você pode faze-la brilhar aos olhos dos seus irmãos Só Deus é a vida
Mas você pode restituir aos outros o desejo de viver Só Deus pode fazer milagres
Mas você pode ser aquele que trouxe os cinco pães e os dois peixes Só Deus pode fazer o que parece impossível
Mas você pode fazer o possível Só Deus se basta a si mesmo,
Mas ELE preferiu contar com você.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pegadas na areia

Certa noite eu tive um sonho...
Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e que, através do céu, projetavam-se cenas de minha vida.
Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados de dois pares de pegadas na areia: 
um era o meu e o outro do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou diante de mim, olhei para trás, para as pegadas na areia,
e notei que muitas vezes, no caminho de minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Percebi, também, que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. 
Isso me aborreceu deveras e, então perguntei ao Senhor:
“Senhor, tu me disseste que se eu resolvesse te seguir, tu andarias sempre comigo, por todo o caminho. 
Notei, porém, que durante as maiores tribulação do meu viver, na areia dos caminhos da vida,
havia apenas um par de pegadas. 
Não compreendo porque, nas horas em que mais eu necessitava de ti, tu me deixaste”.
E o Senhor respondeu:  “Meu filho, Eu te amo e jamais te deixaria nas horas de tua provação, do teu sofrimento. 
Quando viste na areia apenas um par de pegadas; foi porque, nessas horas, Eu te carreguei nos braços”.  
 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

BOM CORAÇÃO


No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada Confiando na Alegria. Ela observava os reis, príncipes e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas, no fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha.

     Levou a moedinha ao mercado para tentar trocá-la por algum óleo, mas o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar nada. Entretanto, quando soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, encheu-se de pena e deu-lhe o óleo que queria. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte pedido: — Nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada. Mas, com esta oferenda, possa eu no futuro ser abençoada com a Lâmpada da Sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá-los à Iluminação.
     Durante a noite, o óleo de todas as lâmpadas havia acabado. Mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando Maudgalyayana — o discípulo do Buda — chegou para recolher as lâmpadas. Ao ver aquela única lâmpada ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: 'Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia', e tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la com suas vestes, mas ela ainda ardia. O Buda, que o observava há algum tempo, disse: — Maudgalyayana: você quer apagar essa lâmpada? Não vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la daí, que dirá apagá-la. Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria. A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir esta chama. 

      — Por que não? — Perguntou o discípulo de Buda.
     — Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e de mente. Essa motivação produziu um enorme benefício.
     Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um Perfeito Buda e seria conhecido como Luz da Lâmpada.
*
     Em tudo, o nosso sentimento é o que importa. A intenção, boa ou má, influencia diretamente nossa vida no futuro. Qualquer ação, por mais simples que seja, se feita com coração, produz benefícios na vida das pessoas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A Paz Perfeita

Havia um rei que ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de
captar numa pintura a paz perfeita. Foram muitos os artistas que tentaram. O
rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele
realmente gostou e teve que escolher entre ambas. A primeira era um lago
muito tranqüilo...um espelho perfeito onde se refletiam plácidas montanhas
que o rodeavam. Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com tênues nuvens
brancas. Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia a
paz perfeita. A segunda pintura também tinha montanhas...mas estas eram
escabrosas e estavam despidas de vegetação. Sobre elas havia um céu
tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com faíscas e
trovões...tudo isto se revelava nada pacífico. Mas quando o rei observou
atentamente reparou que atrás da cascata havia um arbusto crescendo de uma
fenda na rocha. Neste arbusto encontrava-se um ninho. Ali, no meio do ruído
da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu
ninho. Paz Perfeita! Qual pensas que foi a pintura ganhadora? O rei escolheu
a segunda...mas por quê? O rei explicou: "Paz não significa estar num lugar
sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que,
apesar de se estar no meio de tudo isso, permaneçamos calmos no nosso
coração. Este é o verdadeiro significado de Paz."

Autor Desconhecido

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Paz ...Só Quando houver o Amor!

Eglitz
Justino vaga pela cidade tentando encontrar um pouco de paz para a sua alma angustiada. A sua mente ferve com as lembranças de vinte anos atrás. Na época ele tinha somente nove anos de idade. Desde então é perseguido por pensamentos de ódio, rancor, e sobrevive unicamente por uma idéia fixa de vingança contra o homem que abusou e violentou a sua mãe e sua irmã.
Uma menina cruza por ele na calçada e lhe entrega um pequeno folheto que diz:
“Se você está desesperado, sem direção, e sem paz pela vida, nós temos um conselho que poderá te ajudar”! Não enxergamos o que o mundo enxerga, mas vemos o que ele não vê!
Os videntes cegos.

A mente de Justino se desvia um pouco daquele turbilhão que o envolvia, e se liga na curiosidade de conhecer um pouco o que o futuro lhe reserva. Com poucos passos pela calçada ele chega ao endereço que o papel indicava.
O portão estava aberto e ele entra. Um perfume suave de sândalo exala pela porta, do incenso que queima no interior da sala. Logo ele enxerga uma senhora aparentando uns cinqüenta anos, sentada em uma cadeira, que gentilmente o convida para se sentar em um sofá em sua frente. O rosto da mulher lhe transmite algo que ele não experimenta já há muito tempo: Paz. Os olhos dela não têm luz nenhuma, somente uma pele branca os recobre por completo. Ele senta na poltrona, e a leveza de espírito daquela mulher em sua frente, lhe traz um desejo imenso de chorar. Não por pena dela, mas, porque consegue ver um pouco da escuridão em que sua própria alma está mergulhada.
- Você anda distante da luz meu filho – Lhe diz a mulher vidente. – A sua alma sofre na escuridão porque não consegues afastar os pensamentos de vingança da sua mente.
Justino interrompe a vidente e pergunta:
- Eu preciso saber se vou conseguir alcançar o meu objetivo? Conseguirei encontrar quem estou procurando?
A mulher lhe responde:
- Sim meu filho, você encontrará quem está procurando. E junto com esse encontro virá também uma grande surpresa.
Justino levanta-se de um salto da poltrona e quase grita de felicidade, por saber que conseguirá encontrar aquele homem. Ele fica feliz por saber que vai vingar-se. Só isso importa agora. A sua luta e procura não terá sido em vão.
A mulher interrompe seus pensamentos de felicidade quando diz:
- A sua paz de espírito é a coisa mais importante meu filho. Você a encontrará quando houver amor...
Ele deixa uma nota de dinheiro em cima da mesinha, agradece pelo conselho, e sai pelo mesmo lugar que entrou.
Flaches de lembranças lampejam em sua mente a todo instante.
Retrocedendo no tempo vinte anos, vamos encontrar Justino com nove anos. Ele vive com seus pais e sua irmã em uma localidade do interior. Uma comunidade mesclada de descendentes de alemães, portugueses e brasileiros. Quase todo mundo ali se conhece. Ultimamente a comunidade vem perdendo a paz, por conta de arruaceiros que se instalam por ali trazidos por força do próprio desenvolvimento da pequena cidade. Empresas terceirizadas vêm para o pequeno município, para promoverem infra-estrutura para: luz, água, esgoto e calçamentos.
Juntamente com essa leva de pessoal veio para ali, um dos tipos mais perversos daquele tempo. Adriano. Um marginal desordeiro que veio acuado das grandes cidades se esconder ali na pequena comunidade.
Adriano aterroriza os moradores da localidade prevalecendo dos seus um metro e noventa de altura, e sempre usando um revolver e uma faca prateada atravessada na cintura. Ninguém se arrisca a enfrentá-lo. Nem mesmo os poucos policiais que ali residem. Ele age livremente e impune, jogando gracejos e até mesmo bolinando com mulheres casadas, que obrigam-se a aceitar a situação para não ver os seus maridos serem perseguidos por aquele marginal.
Justino mora no interior do município, juntamente com seu pai, sua mãe e sua irmã que vai fazer 14 anos. O seu pai trabalha para os agricultores do local, que requisitam os seus serviços para ajudá-los a arar a terra e para plantar as sementes. Não é uma boa vida, mas nunca faltou comida para sua família. Às vezes Justino vai levar a comida que sua mãe prepara para seu pai, e fica imaginando com as mãos nos braços do arado, se um dia também levará aquela mesma vida de seu pai?... E no seu pensamento ainda infantil, fica feliz por saber que um dia poderá ser como aquele homem ao qual muito admira.
Um dia quando Justino e sua mãe vêem até a vila para pegar farinha, encontram-se com Adriano que faz gracinha para a mãe de Justino que não gostou do que ouviu. Adriano passa a mão pelos cabelos de dona Sofia e percebe que o menino lhe olha torto. Quando Justino mete-se entre os dois para proteger sua mãe, recebe um tapa em sua nuca, daquele brutamonte.
Justino espuma de raiva, mas não pode fazer nada, a não ser seguir com a sua mãe que o arrasta pelo braço para evitar que o filho apanhe mais. Adriano em tom ameaçador esbraveja:
- Oh piá de mérda, qualquer dia eu vou lá na tua casa visita a tua mãe, e se tu se metê a bobo vou te surrá de cinta ouviu?...
Justino comenta com sua mãe:
- Você escutou o que ele falou mãe? Ele disse que vai lá em casa. Eu vou contar isso para o papai!
- Não filho. Não vá dizer nada do que aconteceu ao seu pai. Isso poderia incomodá-lo e não seria nada bom.
- Mas você ouviu o que ele disse... Ele vai lá em casa, e vai fazer mal para você e a mana. – Repete Justino. Mas dona Sofia tenta acalmar o filho.
- Não filho. Ele disse isso só para te deixar nervoso. Ele percebeu que você ficou bravo. Faça o que sua mãe disse. Não vamos dizer nada ao papai para não aborrecê-lo ta? Promete?...
- Ta bom. Mas eu não gosto nada dele. Eu queria matar ele.
***
Alguns dias passam.
Justino está acabando de recolher os últimos pedaços de lenhas para o fogão naquela tarde de verão. Enquanto a sua irmã termina de limpar a casa. A sua mãe já cuida dos preparativos para a janta. É costume todos esperarem de banho tomado o seu pai que chega cansado todos os dias, para depois reunirem-se na mesa.
Mas a rotina nessa tarde foi quebrada pela presença indesejada de Adriano. Quando Justino vê o marginal ali, sente que algo muito ruim pode acontecer.
Adriano desce do cavalo o amarrando no tronco da árvore em frente a casa, e se encaminha em direção a entrada arrastando as esporas no chão. Justino deixa cair às lascas de lenha no chão, enquanto tenta bloquear o caminho para aquele homem não entrar em sua casa.
- O que você quer aqui? O meu pai ainda não chegou do trabalho.
- E eu quero alguma coisa com teu pai, guri?... Eu quero é com a tua mãe. Cadê ela?
Justino vê que não conseguirá deter aquele monstro, e pensa em correr para pedir ajuda, mas é detido imediatamente por Adriano que o segura pelo braço o obrigando a entrar. Sofia se assusta pela veemência do empurrão que o filho leva enquanto Adriano berra:
- E fica aí, bem na minha frente piazinho de bosta! Se você se mexê eu vou-te capá com essa faca ouviu? – Adriano tira a faca da cintura e a põe na mesa em sua frente. Ele ordenou que a menina também sentasse junto a seu irmão no canto, e que nem um dos dois saisse dali. Os dois estão apavorados. Adriano chama Sofia para junto dele. Ela também está apavorada e obedece, pois teme pelos seus filhos e por ela mesma.
A irmã de Justino baixa a cabeça negando-se a enxergar o que está prestes a acontecer.
A mente de Justino fervilha de tanto ódio, mas não consegue fazer nada contra o animal. Adriano está agora com o revolver na mão. Justino teme pela vida da sua mãe, e tenta rezar baixinho, mas não consegue se concentrar.
Ele vê agora Adriano colocar a mão por debaixo do vestido da sua mãe, depois ordena que ela vire-se de costas pra ele e abaixe-se.
Naquele momento o inferno visita o menino Justino. O inaceitável, o indizível, o bizarro e o terror fazem descer uma nuvem escura sobre a cabeça daquele menino indefeso, e as pessoas que ele mais ama na face da terra são torturadas em sua presença.
Ele vê Adriano penetrando a sua mãe vorazmente feito um animal. Depois a empurra para o mesmo canto em que Justino se encontra, e ordena que a sua irmã venha até ele agora.
Sofia implora pela filha que ainda é virgem, mas recebe um tapa na cara que a joga de volta ao canto, onde ela cai sentada. A única coisa que lhe resta fazer agora é abraçar-se ao filho que está em choque.
A menina é arrastada pelos cabelos e obrigada a ficar na mesma posição em que à mãe estava. E assim é violentada inescrupulosamente pelo monstro.
Alguns minutos depois, os três estão sozinhos. Enquanto dona Sofia tenta manter-se forte e ajudar a sua filha que sangra muito, pede para Justino não falar nada para seu pai, mas esse esbraveja:
- Você também não quis que eu contasse aquele dia, e olha só o que deu! Eu vou contar sim ao papai!
- Filho, você não entende. Não vê que esse monstro pode matar seu pai? É o único jeito de nós termos ele conosco.
Nesse instante Justino percebe que seu pai está chegando a casa, e sai correndo ao seu encontro contando o que aconteceu. Depois de constatar o estado em que se encontram sua mulher e filha, ele sai em direção à vila em busca de Adriano.
Dona Sofia recrimina o filho por ter contado o que houve ao pai, pois era isso que ela temia que acontecesse.
- Você viu o que fez? Agora esse bandido vai matar o seu pai!
Justino sai em disparada atrás do seu pai.
Naquela noite, Justino enfrentou mais um revés do destino. Pois viu o seu pai ser surrado e humilhado por Adriano na frente de todas as pessoas que estavam reunidas no clube da vila.
Ao pedir satisfações do que houve a Adriano, este agarra o pai de Justino e o tira para fora a socos e ponta pés.
A ânsia de vingar-se pelo que o bandido fez a sua família não surtiu efeito, e ainda teve que amargar a humilhação por ter apanhado. Volta para casa sentindo-se o pior dos homens, pois não consegue nem proteger a sua família. Ele consegue ver a decepção estampada na face do seu pequeno filho que se esforça em ajudá-lo a chegar até em casa. – Como ele vai conviver com toda essa humilhação? Agora todos vão rir dele. – Com toda aquela carga de desgraça que se abateu sobre ele, sentiu-se como um verme que não merecia viver mais na terra. Nem pensou no grande mal que estava fazendo a sua família, quando levantou dentro da noite, e com uma corda no pescoço pôs fim a própria vida. Não estava presente quando eles foram atacados, e agora foge para sempre.
A família nunca mais foi à mesma depois que o pai de Justino morreu. A revolta que se instalou na mente do menino fez com que ele crescesse com um sentimento de vingança terrível a respeito do homem que provocou tudo aquilo. Um dia ele tinha certeza que ficaria frente a frente com Adriano e o mataria. Era tudo o que ele pensava e queria.
Mas a desgraça ainda não estava completa. O pior para Justino ainda estava por vir.
A sua mãe descobriu que havia ficado grávida de Adriano. E agora Justino teria que conviver com seu meio irmão que jamais o deixaria esquecer o que houve. Toda vez que ele olhava para o irmão, lembrava de Adriano, pois o menino era a cara dele. Os pais de Justino eram de cor branca e, portanto, Justino e sua irmã eram igualmente brancos. Mas o menino era bem moreno, pois Adriano era negro.
Justino nutria certo ódio pelo irmão que por incrível que pudesse parecer era muito ligado a ele. Por várias vezes passou pela cabeça de Justino, matar o irmão. Mas sempre quando ia consumar o ato, sentia pena da criança, e não conseguia fazer.
Justino cresceu, mas a sua sede de vingança não passou. Mesmo em sua juventude apresentava uma ruga em sua tez que se mantinha sempre franzida denunciando o grande descontentamento que ele carregava consigo.
Adriano depois do acontecido, não demorou muito tempo por ali. Sumiu do vilarejo e nunca mais apareceu.
Depois que passou quase vinte anos, Justino tem uma pista de Adriano. Descobre que ele vive em uma outra cidade bem distante dali, mas no mesmo estado.
Ele junta tudo o que pode e viaja para a dita cidade. Ninguém ficou sabendo dos seus planos. Para todos os efeitos ele estava indo tentar emprego numa outra cidade.
Justino não havia percebido na sua ânsia por encontrar Adriano, que não seria tão fácil assim. Em uma cidade grande não é tão fácil encontrar alguém que não se tem muitas informações como no caso dele, um nome apenas.
Por isso Justino está andando a esmo naquela cidade. O dinheiro acabou. A última nota que ele possuía, deixou para a vidente que lhe deu o conselho. Ele pensa que terá que arranjar algum trabalho se quiser sobreviver.
Ao passar em frente a uma fabrica de móveis ele lê em uma placa: “Precisa-se de ajudante para serviços gerais”.
Imediatamente ele entra e se oferece para trabalhar. Uma moça do departamento de pessoal pede para ele aguardar um pouco, pois a outra moça que faz a seleção ainda não chegou.
Quando ela chega, Justino fica deslumbrado com a beleza e a simpatia da moça. Ela também ficou bastante impressionada com ele. Se existe amor a primeira vista, pode-se dizer que foi o que aconteceu com Justino e Eliane.
Ele foi contratado para o trabalho, e logo também estava namorando aquela bela moça.
Justino mantinha segredo quanto ao seu verdadeiro motivo de estar ali, mas Eliane confidenciava a ele tudo o que se passava com ela.
Eliane conta para Justino que o verdadeiro dono da fabrica de móveis é o seu pai, e que ele encontrava-se muito doente.
Ela o convida para passar um domingo em sua casa, conversar um pouco com seu pai para distraí-lo. Justino observa que ela ama muito o seu pai.
Quando ele chega à casa de Eliane, quase tem um desmaio na frente de todos quando é apresentado.
Justino disfarça o choque que teve ao ver ali em sua frente o mesmo homem que havia causado toda aquela tragédia em sua família.
Sim, ali estava Adriano. Mas ele não reconhecia Justino e nem podia, pois agora estava cego e paralítico, preso a uma cadeira de rodas.
Adriano também jamais perceberia que ali em sua frente, de mãos dadas com a sua filha, estava aquele menino que havia presenciado uma de suas barbáries.
Justino pensa consigo, que a vida está lhe aprontando mais uma agora. Quem diria que haveria de vir se apaixonar pela filha do homem que ele mais odiou a vida toda.
Depois desse dia Justino se esforçou pra manter as coisas como se nada tivesse acontecido. Eliane não percebeu nada, e a cada dia que passava demonstrava estar mais apaixonada por ele.
Em um outro dia, enquanto esperam o almoço sentados à beira da piscina, Adriano pede para Justino, que se sente mais próximo a ele, e começa lhe confidenciar que tem a sua alma amargurada por todas as coisas ruins que praticou no passado.
E quando ele se reporta a um acontecimento que mais o amargura hoje, Justino não consegue evitar que escape uma lágrima dos seus olhos. Pois é justamente pelo mal que causou aquela família que hoje ele tem o maior arrependimento.
Eliane grita para eles da janela que o almoço está pronto.
Justino empurra a cadeira de rodas de Adriano, e lembra das palavras da vidente. “Sim meu filho, você encontrará quem está procurando. E junto com esse encontro virá também uma grande surpresa... A sua paz de espírito é a coisa mais importante. Você a encontrará quando houver amor.”
Fim...

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pela paz nas Família



Ela estava muito cansada. Todo dia era a mesma coisa.
Ela se via puxada para dez direções diferentes: filhos, roupas para lavar, compras no supermercado, prazos para cumprir, amigos pedindo conselhos, cartas necessitando respostas, o telefone que não parava de tocar.
Ela se sentia abatida e exausta além da conta.
Ele estava irritado. O dia fora difícil, na lida com homens e mulheres cujas vidas
estavam desmoronando. Depois de uma hora preso no trânsito, ele encontrou os
filhos querendo sua atenção, uma lista de pacientes para quem precisava telefonar
e uma pilha de contas para pagar.
Nas primeiras horas da noite, ambos se esforçaram para não gritar, tentando
controlar os nervos em frangalhos.
De repente, alguma coisa insignificante acelerou o processo de descontrole.
As vozes de ambos se elevaram diante da intensidade da discussão. Sem querer, eles estavam trocando palavras que não desejavam pronunciar.
Assuntos que nem eram relevantes foram trazidos à baila. Mágoas passadas foram revividas. Mágoas guardadas e nunca perdoadas.
Uma simples discussão se transformou num debate acalorado. Quando estavam aos gritos, a porta do quarto foi entreaberta. Lentamente. Silenciosamente.
Uma mãozinha se esgueirou pela fresta e colocou alguma coisa na porta.
Imediatamente, a mãozinha sumiu e a porta foi fechada.
Curiosa, ela se levantou para investigar. Preso na porta com fita adesiva havia um pequeno coração de papel pintado de vermelho, com os seguintes dizeres:
eu amo a mamãe e o papai.
Anthony, o filho de oito anos, estava fazendo sua parte em prol da paz na família. Lágrimas de vergonha molharam o rosto da jovem mãe. Marido e mulher se entreolharam, arrependidos por terem permitido que as suas emoções extrapolassem e
prejudicassem seu lar. De repente, nem lembravam mais sobre o que estavam discutindo, quando o pequeno Anthony colocou um coração de papel na porta do quarto.
Mas eles resolveram deixá-lo colado ali como um lembrete para os dias futuros.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Amizade verdadeira

Dois homens, gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital.
Um deles podia sentar-se na cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões.

A sua cama estava junto da única janela do quarto.
O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.
Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres,
famílias, das suas casas, dos seus empregos, dos seus hobbies, onde
tinham passado as férias...
E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava,
passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as
coisas que conseguia ver do lado de fora da janela.
O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de
uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a
actividade e cor do mundo do lado de fora da janela.
A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes,
chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus
barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as
flores de todas as cores do arco-íris.
Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da
silhueta da cidade podia ser vislumbrada no horizonte.
Enquanto um homem descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, o
outro fechava os seus olhos e imaginava as pitorescas cenas.

Um dia, o homem perto da janela retratou com tal pormenor um desfile
que ia a passar, que o outro até conseguia ver e ouvir a banda a
tocar...
Dias e semanas passaram.
Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto com a água para os seus
banhos, e encontrou sem vida, o homem perto da janela, que tinha
falecido calmamente enquanto dormia.
Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que
levassem o corpo.
Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser
colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e
fez a troca.
Depois de se certificar de que o homem estava bem instalado, a
enfermeira deixou o quarto.
Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiou-se no
cotovelo, para contemplar o mundo lá fora, fez um grande esforço e
lentamente olhou para o lado de fora da janela que dava, afinal, para
uma parede de tijolo!
O homem perguntou à enfermeira porque é que o seu falecido companheiro
de quarto lhe tinha descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora
da janela.
A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver
a parede.
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos
nossos próprios problemas.
A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando
partilhada, é duplicada.
Se te queres sentir rico, conta todas as coisas que tens que o
dinheiro não pode comprar.
' O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que o chamam de presente.'