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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Visita à loja de brinquedo

Pai e filho entravam com muita calma em um dos museus mais populares da cidade: a antiga Loja de Brinquedos. O menino caminhava atento, realmente interessado em saber mais sobre a história de sua civilizada sociedade. Gostava de conhecer e ver as coisas antigas, os rastros de um passado assim não tão distante.

- Pai, o que é aquilo? – o garoto perguntou enquanto encostava os olhos em uma vitrine do museu.

- Ah... filho... – o pai sorriu, lembrando de sua infância. – Aquilo é uma bola, filho. Antigamente, as crianças usavam ela para brincar pela rua, jogar futebol, às vezes o dia inteiro; você deve conhecer, é igual a dos seus jogos de vídeo game.

O garoto balançou positivamente a cabeça, como se tivesse compreendido.

- Mas hoje ninguém mais brinca com ela. Houve um tempo em que aconteceram muitos acidentes nos campos de futebol; machucados sérios, alguns jogadores sofrendo infartos e também mortes... Houve, então, um forte apelo da população, da mídia também, e o esporte aos poucos foi esquecido. – o pai soava um pouco triste e também saudoso.

- Uhm... legal. E aquilo ali, para que servia?

O pai olhou para o pequeno objeto de madeira em exposição.

- Ahhh... este era o peão. Foi muito popular, por muito tempo. Mas as pessoas gostavam de brincar com ele nas ruas, sabe. E as ruas ficaram muito perigosas, então foram deixando de jogar peão, até que ele ficou esquecido.

O garoto pareceu intrigado, mas não se interessara muito pelo objeto; na verdade, não fazia idéia de como as pessoas poderiam usá-lo para se divertir, parecia algo muito simples.

- Olha, filho. Olha ali. – disse o pai, animado, enquanto apontava para uma tábua de madeira com rodinhas. – Aquele é um Skate, era um brinquedo muito legal. Você podia andar muito rápido, e podia também fazer manobras no ar, muita gente praticava.

O garoto pareceu animado.

- Nossa, que legal! Eu tenho alguns jogos no meu computador em que temos campeonatos com skate, são muito maneiros. Legal mesmo! – o garoto sorriu, realmente satisfeito.

- Sim, sim. Mas muita gente se machucava, houveram lesões feias, ao vivo na televisão. Então a mídia começou a falar, houve um forte apelo da população e as pessoas deixaram de praticar o esporte.

O filho balançou a cabeça, como se estivesse triste, mas entendesse perfeitamente o que tinha acontecido; de fato não havia muito o que se fazer.

- E o que é aquilo? – ele perguntou, ainda animado e intrigado.

O pai sorriu.

- É um pedaço de toboágua, filho. Havia muitos parques aquáticos faz algum tempo. As crianças brincavam o dia inteiro embaixo do sol, em piscinas e em escorregadores formados por pedaços de plástico como esse. Era muito divertido. Mas infelizmente houveram alguns acidentes terríveis, pessoas que iam rápido demais nos toboáguas, perdiam contato com o escorregador e se machucavam seriamente quando se chocavam com as bordas de plástico. Foram fraturas horríveis. E, conforme tudo isso era noticiado, houve uma revolta da população e os parques tiveram de ser fechados.

- Ah, que pena – o garoto disse, sem realmente parecer triste com a história. – Podemos ir agora?

- Sim, filho, claro. É melhor irmos embora, já está quase no horário do almoço. Amanhã levarei você a um novo museu. Vamos ao museu da Escola. Era um lugar em que as crianças estudavam juntas, centenas delas. Se ajudavam, brincavam no recreio... mas as crianças não eram assim tão boas; algumas caçoavam demais das outras. Com o tempo, os pais preferiram as ferramentas de ensino caseiro, sabe como é, para evitar traumatizar seus filhos. E então as escolas caíram em desuso, e depois no esquecimento.

O garoto pareceu surpreendido. Depois, olhou para seu relógio preocupado. O que será que haveria para o almoço?


Autor: Leonardo Schabbach em 11/09/2011.

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