Páginas

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Gato de Botas

Adaptado do conto de Charles Perrault

Um moleiro, que tinha três filhos, repartindo à hora
da morte
seus únicos bens, deu ao primogênito o moinho; ao

 segundo, o seu
burro; e ao mais moço apenas um gato. Este último

 ficou muito
descontente com a parte que lhe coube da herança,

mas o gato lhe
disse:
— Meu querido amo, compra-me um par de

 botas e um saco e,
em breve, te provarei que sou de mais utilidade

que um moinho ou
um asno.
Assim, pois, o rapaz converteu todo o dinheiro

que possuía num lindo par de botas e num saco
 para o seu gatinho. Este calçou as
botas e, pondo o saco às costas, encaminhou-se

para um sítio onde havia uma coelheira. Quando
ali chegou, abriu o saco, meteu-lhe
uma porção de farelo miúdo e deitou-se no chão

 fingindo-se morto.
Excitado pelo cheiro do farelo, o coelho

saiu de seu esconderijo
e dirigiu-se para o saco. O gato apanhou-o

logo e levou-o ao rei,
dizendo-lhe:
— Senhor, o nobre marquês de Carabás

mandou que lhe
entregasse este coelho. Guisado com

cebolinhas será um prato
delicioso.
— Coelho?! — exclamou o rei. — Que bom! Gosto
muito de coelho, mas o meu cozinheiro não

consegue nunca apanhar
nenhum. Dize ao teu amo que eu lhe mando

os meus mais sinceros
agradecimentos.
No dia seguinte, o gatinho apanhou duas perdizes

e levou-as ao
rei como presente do marquês de Carabás.

O rei ficou tão contente
que mandou logo preparar a sua carruagem e,

 acompanhado pela
princesa, sua filha, dirigiu-se para a casa do

nobre súdito que
lhe tinha enviado tão preciosas lembranças.
O gato foi logo ter com o amo:
— Vem já comigo, que te vou indicar um lugar,


no rio, onde
poderás tomar um bom banho.
O gato conduziu-o a um ponto por onde devia

passar a carruagem
real, disse-lhe que se despisse, que escondesse a

 roupa debaixo de
uma pedra e se lançasse à água. Acabava o moço

de desaparecer no
rio quando chegaram o rei e a princesa.
— Socorro! Socorro! — gritou o bichano.
— Que aconteceu? — perguntou o rei.
— Os ladrões roubaram a roupa do nobre

marquês de Carabás!
— disse o gato. — Meu amo está dentro da água e
sentirá câimbras.
O rei mandou imediatamente uns servos ao

palácio; voltaram daí a
pouco com um magnífico vestuário feito para o

próprio rei, quando
jovem.
O dono do gato vestiu-o e ficou tão bonito

que a princesa, assim
que o viu, dele se enamorou. O rei também

ficou encantado e
murmurou:
— Eu era exatamente assim, nos meus tempos de moço.
O gato estava radiante com o êxito do seu plano; e, correndo à
frente da carruagem, chegou a uns campos e disse aos

lavradores:
— O rei está chegando; se não lhes disserem que todos estes
campos pertencem ao marquês de Carabás, faço-os

triturar como
carne para almôndegas.
De forma que, quando o rei perguntou de quem eram

 aquelas searas,
os lavradores responderam-lhe:
— Do muito nobre marquês de Carabás.
— Com a breca! — disse o rei ao filho mais novo do
moleiro. — Que lindas propriedades tens tu!
O moço sorriu perturbado, e o rei murmurou

ao ouvido da filha:
— Eu também era assim, nos meus tempos de moço.
Mais adiante, o gato encontrou uns camponeses

ceifando trigo e
lhes fez a mesma ameaça:
— Se não disserem que todo este trigo

 pertence ao marquês
de Carabás, faço picadinho de vocês.
Assim, quando chegou a carruagem real e o rei

perguntou de quem
era todo aquele trigo, responderam:
— Do mui nobre marquês de Carabás.
O rei ficou muito entusiasmado e disse ao moço:
— Ó marquês! Tens muitas propriedades!
O gato continuava a correr à frente da carruagem;

atravessando um
espesso bosque, chegou à porta de um magnífico

palácio, no qual
vivia um ogro que era o verdadeiro dono dos

campos semeados. O
gatinho bateu à porta e disse ao ogro que a abriu:
— Meu querido ogro, tenho ouvido por

aí umas histórias a
teu respeito. Dize-me lá: é certo que te podes

 transformar no que
quiseres?
— Certíssimo — respondeu o ogro, e

transformou-se num
leão.
— Isso não vale nada — disse o gatinho.

- Qualquer um
pode inchar e aparecer maior do que realmente é.

Toda a arte está
em se tornar menor. Poderias, por exemplo,

transformar-te em rato?
— É fácil — respondeu o ogro, e transformou-se num
rato.
O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o

e desceu logo a abrir
a porta, pois naquele momento chegava a

carruagem real. E disse:
— Bem vindo seja, senhor, ao palácio do

 marquês de Carabás.
— Olá! — disse o rei — que formoso palácio tens
tu! Peço-te a fineza de ajudar a princesa a

 descer da carruagem.
O rapaz, timidamente, ofereceu o braço

à princesa e o rei
murmurou-lhe ao ouvido:
— Eu também era assim tímido, nos meus

tempos de moço.
Entretanto, o gatinho meteu-se na cozinha

e mandou preparar um
esplêndido almoço, pondo na mesa os melhores vinhos que havia na
adega; e quando o rei, a princesa e o amo entraram na sala de
jantar e se sentaram à mesa, tudo estava pronto.
Depois do magnífico almoço, o rei voltou-se para o rapaz e
disse-lhe:
— Jovem, és tão tímido como eu era nos meus

tempos de moço.
Mas percebo que gostas muito da princesa,

assim como ela gosta de
ti. Por que não a pedes em casamento?
Então, o moço pediu a mão da princesa, e o

 casamento foi
celebrado com a maior pompa. O gato assistiu,

calçando um novo par
de botas com cordões encarnados e bordados

a ouro e preciosos
diamantes.
E daí em diante, passaram a viver muito felizes.

E se o gato às
vezes ainda se metia a correr atrás dos

 ratos, era apenas por
divertimento; porque absolutamente

não mais
precisava de ratos
para matar a fome...






2 comentários:

  1. adorei a historia linda, obrigada pela sua visita, beijinhos

    www.girlscosmetic.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Olá, faço parte do Blogueiras Unidas e vim lhe fazer uma vizitinha. Amei seu blog, você é muito talentosa e já me tornei seguidora. Venha conhecer meu blog você também!? Sua opinião é muito importante para mim! Bjnhos!
    http://flavinhamcmg.blogspot.com/

    ResponderExcluir